A resistência pode ser classificada de acordo com a duração do esforço (curta, média e longa duração), com as qualidades solicitadas (resistência aeróbia e anaeróbia, resistência orgânica, velocidade resistência, resistência básica, resistência específica, etc.) e de acordo com a solicitação metabólica (resistência aeróbia (capacidade e potência) e anaeróbia (capacidade e potência) Graça em [1].
A resistência motora é definida pela capacidade de o corpo humano suportar a execução de determinado exercício por um certo período [2] ou como a capacidade de sustentar determinada potência durante o maior tempo possível, uma qualidade que poderia estar relacionada com a caraterística bioenergética conhecida por máximo déficit de oxigênio [3]. A resistência pode ainda entendida como a capacidade de manter um equilíbrio psíquico e funcional o mais adequado possível perante uma carga de intensidade e duração suficientes para desencadear uma perda de rendimento insuperável, assegurando, simultaneamente, uma recuperação rápida após esforços físicos ou a capacidade do organismo em resistir à fadiga numa atividade motora prolongada [4, 5].
Entende-se por fadiga a diminuição transitória e reversível da capacidade de trabalho do atleta [4].
Figura 1 -Resumo do Treino da Resistência adaptado de Graça [1]
Meios e Métodos do Treino da Resistência
É importante saber-se que a resistência se manifesta de formas diferentes, conforme solicitação metabólica, o que varia de acordo com o tempo de duração e a intensidade do esforço realizado [6]. Assim, pode-se encontrar três diferentes tipos de resistência: Resistência Aeróbia (RA), Resistência Anaeróbia Lática (RAL) e Resistência Anaeróbia Alática (RAA).
Refira-se que para este trabalho, importa sobretudo entender o conceito de Resistência Aeróbia, para que todo o processo abordado posteriormente possa fazer sentido. Assim, RA carateriza-se por esforços longos e de baixa intensidade (no atletismo é uma capacidade fundamental para eventos a partir dos 1500 metros) [6].
Acrescenta-se ainda que os processos energéticos se dividem em Potência e Capacidade. A potência está mais ligada à quantidade máxima de trabalho possível por unidade de tempo, e a capacidade à quantidade total de energia que essa fonte energética pode produzir [6, 7].
Assim, no que respeita à resistência específica de meio-fundo e fundo, pode-se dividir en: Capacidade Aeróbia (CA); Capacidade Lática (CL); Potência Aeróbia (PA) e Potência Lática (PL).
Figura 2 – Tabela resumo da quantificação da carga – Graça em[1]
São vários os meios e métodos de treino para treinar a resistência. Estes métodos podem variar na duração e intensidade de esforço, assim como na forma de organização do próprio treino, numa tentativa de adaptar o esforço realizado aos objetivos pretendidos [6].
Neste sentido, os métodos de treino da resistência podem ser divididos em dois grandes grupos: Métodos Contínuos (uniformes e variados) e Métodos Intervalados (Intervalados e Repetitivos).
Método Contínuo
O método contínuo carateriza-se por exercícios de longa duração sem interrupção. O efeito de treino deste método baseia-se nos constantes processos de reajustamento bioquímicos e fisiológicos que ocorrem durante a sua execução, sendo utilizado preferencialmente nas modalidades mais acíclicas [2, 6].
Método Contínuo Uniforme
O método contínuo uniforme é caraterizado por esforços de longa duração e índices externos da carga (velocidade) constantes [2, 6]. Este método de treino tem como principal objetivo o desenvolvimento da capacidade aeróbia, embora, com algumas adaptações, também possa ser utilizado para o desenvolvimento da potência aeróbia [6, 7].
Método Contínuo Variado
O método contínuo variado consiste na realização de esforços prolongados, durante os quais se procede a variações significativas de intensidade, mas sem que se chegue a parar efetivamente a atividade [4, 5]. Para a abordagem deste método recorre-se na maioria das vezes ao designado “fartleck”.
O termo fartlek é um termo sueco que significa “jogo de velocidades” e popularizou-se devido a designar um processo de preparação inicialmente utilizado nos países nórdicos a partir dos anos 30 do século passado [2].
Dada à grande variedade de situações permitidas por este tipo de treino, pode-se dizer que tem uma grande abrangência no que respeita às fontes energéticas solicitadas [6].
Os principais objetivos deste método de treino são permitir uma adaptação à variação da solicitação metabólica[6] e uma perceção e aprendizagem de ritmos diversos com variação frequente [7] .
Figura 3 – Exemplo de Treino com Método Continuo adaptado de Graça [1]
Método Intervalado
O método de treino por intervalos carateriza-se por exercícios onde o organismo é submetido a períodos curtos, regulares e repetidos de trabalho com períodos de repouso adequados [4–7].
É utilizado, quer nas modalidades acíclicas, como é o caso dos jogos desportivos coletivos, quer nas que assentam em desempenhos de carácter cíclico, para desenvolver a resistência específica. Tornam-se preponderantes durante os períodos preparatórios específicos e competitivos dos ciclos anuais de treino [2].
A grande versatilidade deste método de treino permite que seja utilizado para o desenvolvimento dos vários tipos de resistência.
É sobretudo utilizado para o desenvolvimento da potência aeróbia, capacidade lática e potência lática[2, 6]
Figura 4 – Exemplo de treino Intervalado Extensivo Médio adaptado de Graça [1]
Figura 5 – Exemplo de treino Intervalado Extensivo Longo adaptado de Graça [1]
Treino de repetições
A grande diferença do método intervalado e o método das repetições está na duração do tempo da recuperação, porque enquanto a recuperação o método intervalado não permite uma recuperação completa, no caso do método repetitivo, dada intensidade do esforço, é o oposto [6].
Assim, o treino de repetições é caraterizado por possuir períodos de repouso que permitem a recuperação completa dos parâmetros cardiovasculares e ventilatórios [3, 5].
A efetividade deste método decorre das fases de carga altamente intensos durante os quais se realizam todos os processos fisiológicos e mecanismos de regulação até alcançar o nível funcional exigido [2, 7].
Figura 6 – Exemplo de Treino com Método Repetitivo Médio adaptado de Graça
Figura 7 – Exemplos de Treino com Método Repetitivo Longo adaptado de Graça [1]
Conclusão
É possível, assim, sistematizar o encadeamento dos métodos de modo a compreender a dependência e interligação existente entre os parâmetros da carga e as respetivas solicitações.
Figura 8 – Resumo Métodos de Treino da Resistência adaptado de Graça [1]
Licenciado em Desporto e bem-Estar. Mestre em Desporto e Saúde para Crianças e Jovens, na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais. Doutorando em Ciências do Desporto - UEX- Espanha
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