Mobilidade é ter a capacidade de executar exercícios funcionais do nosso dia -a -dia como o Agachar, empurrar, puxar, saltar, etc, de uma forma correta e sem restrições.
Com o avançar da idade, os movimentos, as brincadeiras que fazíamos enquanto crianças vão-se perdendo.
Quem se lembra de subir às árvores, saltar a pés juntos nas poças de água, sentar-se no chão com as pernas afastadas? Era com toda a facilidade do mundo que o fazíamos e nem precisamos de pensar no que estávamos a fazer:
É a esta simplicidade e fluidez de movimento, com toda a ativação e controlo do nosso corpo e da nossa mente a que chamamos ter uma boa mobilidade.
Qual a importância da Imobilidade?
“O exercício é apenas uma pequena parte de todo o espectro de movimentos que o corpo tem a possibilidade de realizar”
É a partir dos 30 anos que começa a ser visível a perda de mobilidade.
Há então que priorizar um conjunto de medidas para que com a chegada da idade mais avançada, possamos usufruir de uma vida ativa e com a maior qualidade possível.
Nos dias que decorrem, questões como o sedentarismo, posturas prolongadas no tempo (sentado), movimentos repetitivos, ansiedade, stress , dores crónicas, estão a causar diminuição da flexibilidade, da estabilidade, do equilíbrio, da amplitude articular e consequentemente na perda gradual da nossa mobilidade.
Esta falta de mobilidade vai gerar compensações e ajustes, no corpo humano, realizados de forma inconsciente para nos conseguirmos adaptar e continuar a funcionar, mesmo com a nossa limitação de movimento, o desconforto, a inflação e a dor.
O que fazer então para combater este declínio e como compensar a falta de atividade que naturalmente fomos selecionados para fazer?
Através de um inquérito feito em 2017, pelo SNS através do Programa Nacional para a Promoção da atividade física, estimou-se que 75% a 80% da população adulta, não é suficientemente ativa. Dados obtidos e publicado em 2016, refere que 67% dos adultos portugueses passa mais de 7,5 horas em comportamentos sedentários.
Estudos sugerem que detectando e avaliando um declínio na mobilidade de uma forma prematura, vamos prevenir e criar melhores estratégias de atuação na população.
Se todos os médicos concordam que deve existir avaliação e definir possíveis causas de uma pessoa apresentar por exemplo tensão alta, de forma a criar métodos de prevenção na saúde da população, detectar o mais cedo possível as causas de um declínio significativo da mobilidade , vai ajudar a prevenir o a incapacidade fisica mais tarde na velhice.
Logo é necessário que haja informação e sensibilização dos benefícios que a consciencialização e o controlo do movimento podem trazer de mudança e benéfico à nossa vida.
Benefícios do Treino de Mobilidade
Ativação Muscular
Com maior recrutamento muscular, vem também um aumento do envolvimento de músculos mais profundos, adormecidos pela falta de movimento. Quanto mais músculos ativados, mais amplitude de movimento é conseguida.
Novos Padrões de Movimento
Vamos conseguir efetuar movimentos esquecidos que envolvam uma deslocação e progressão do corpo com contacto com a superfície de apoio, como o caso do caminhar, do correr, do pular do gatinhar, etc, ou de movimentos como o balançar o inclinar ou dobrar, em que não há movimentação do corpo no espaço
Novas Amplitudes de Movimento
Com maior ativação de músculos mais profundos, vamos ter a capacidade de aumentar a amplitude dos movimentos que fazemos: esticar o braço todo sem desconforto no ombro, agachar por completo a apanhar algo do chão e não sentir pressão no joelho, sentar com as “pernas à chinês” e não ter incómodo na anca. Já para não falar dos movimentos que se perdem por completo, devido à sensação de dor, muitas vezes já crónica.
Novo processo de controlo motor
Com o aumento de ativação muscular, de novos padrões e amplitudes de movimento, vamos ter maior capacidade de controlar, as nossas articulações, para se moverem em todas as direções nas diferentes velocidades, sem dor e sem desconforto.
Como podemos treinar mobilidade?
Podemos treinar mobilidade como parte integrante de algumas modalidades, mas podemos treinar por si só, enquanto treino individual, devendo ser sempre orientado por um profissional da área do exercício ou da saúde.
O yoga e o Pilates são as modalidades, que provavelmente terão mais presente a questão do treino da mobilidade, pelo objetivo da prática
da consciência corporal e da precisão e fluidez como parte integrante e fundamental das suas aulas.
No entanto, é pertinente e essencial que se comece a usar o treino de mobilidade como complemento ao treino de outra qualquer modalidade ou desporto.
Por exemplo praticantes de treino de força, nomeadamente musculação, vai ter muito mais benefícios a nível da percentagem muscular que participam na execução dos exercícios, ou em desportos de competição, de alto rendimento, onde o corpo dos atletas é levado muitas vezes a extremos de amplitudes, à custa de dor e treino intenso.
Treinar o Movimento, pode ser benéfico para toda a gente, mas há que contar sempre com a intervenção de alguém que atue na área da saúde ou da indústria do fitness/exercício. Profissionais como osteopatas, fisiatras, fisioterapeutas, preparadores físicos, coches, personal trainers, instrutores nas modalidades do body and Mind, são os nossos melhores professores na condução desta prática.
Conclusão
Apesar de ser uma prática com movimentos controlados, com uma dinâmica mais lenta, e de baixo impacto, o treino de mobilidade não deixa de ser altamente desafiante devido à ativação de músculos mais profundos, de articulações que são pouco utilizadas, e da execução de movimentos e amplitudes que deixámos de estar habituados, e que deixámos de conseguir fazer.
Há que referir que podemos e devemos efetuar testes de mobilidade a qualquer praticante que queria fazer outro tipo de treino, nomeadamente o Treino Individualizado, tornando-se um ótimo instrumento para a melhor execução e adaptação do treino, não só a nível muscular, mas tendo em conta a adaptação que o corpo da pessoa pode ter feito a movimentos disfuncionais ao longo da sua vida, e à hipermobilidade e instabilidade em algumas regiões como compensação, desses mesmo padrões de movimento.
Avaliar, planear e implementar um programa ativo para melhoria das capacidades físicas do paciente/cliente, à reabilitação e otimização do corpo e movimento humano; é esse o objetivo principal do nosso trabalho.
Bibliografia/Webgrafia
Gray Cook , with L. Burton, Dr. , K. Kiesel, Dr. , G. Rose, Dr. & M.F. Bryant (2010),
Movement: Functional Movement Systems – Screening, Assessing, Corrective Strategies.. On Target Publications.Petra Maresova,,Ondrej Krejcar, Raihan Maskuriy, Nor Azlina Abu Bakar, Ali Selamat, Zuzana Truhlarova, Jiri Horak, Miroslav Joukl & Lucie Vítkova (2023), Challenges and opportunity in mobility among older adults – key determinant identification
J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2016 Sep; Age-Related Change in Mobility: Perspectives From Life Course Epidemiology and Geroscience
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