Osteoporose

O que é a Osteoporose?

A Osteoporose é uma doença esquelética que se caracteriza pela diminuição da massa óssea e por uma alteração da qualidade micro – estrutural do osso, levando a uma diminuição da resistência óssea e ao consequente aumento do risco de fraturas (Portal da Saúde).

Os dados estatísticos da International Osteoporosis Foundation (IOF) sugerem que mundialmente 1 em cada 3 mulheres e 1 em cada 5 homens correm o risco de sofrer uma fratura. Estima-se que uma fratura osteoporótica ocorra a cada 3 segundos. Em Portugal, 10,2% da população sofre de osteoporose, afetando 17% das mulheres e 2,6% dos homens.

As fraturas mais comuns associadas à osteoporose ocorrem na anca, coluna vertebral e punho. Segundo a IOF em 2010 ocorreram 52000 fraturas em Portugal das quais: 10000 seriam da anca indicando que em 2025 esperar-se-á um aumento de 17000 fraturas (mais 3700 na anca face a 2010).

Esta é uma doença silenciosa porque não tem sintomas óbvios, até que se sofra uma fratura.

As fraturas podem alterar a qualidade de vida, causando dor, redução da altura, incapacidade e perda de independência e no extremo pode mesmo levar à morte.

Fatores de Risco

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De acordo com Yazbek e Neto (2008), os fatores de risco para a perda de massa óssea podem ser classificados da seguinte forma:

  • não modificáveis

  • modificáveis

Os fatores de riscos são apresentados na tabela seguinte:

Não Modificáveis

Modificáveis

Idade superior a 65 anos

Consumo excessivo de álcool

Género feminino

Dieta pobre em cálcio

Pequena estatura

Doença (ex: hipertiroidismo)

Magreza excessiva

Fármacos (ex: cortisona)

Etnia caucasiana ou asiática

Imobilização

Historial familiar de fratura da anca

Vida sedentária

Historial de familiar com osteoporose

Tabagismo

Intolerância à lactose

Baixa exposição solar

Desordens osteometabólicas

Baixa ingestão de vitamina D

A prevalência da osteoporose é superior no sexo feminino especialmente em mulheres pós-menopausa devido a deficiência dos níveis de estrogénio e consequentemente com perda da densidade mineral óssea.

A avaliação e o diagnóstico em caso de fratura baseiam-se numa combinação de sintomas, exames físicos e radiografias ósseas, já o diagnóstico sem fratura pode ser feito por intermédio de exames que medem a densidade óssea, sendo o mais preciso, a absorciometria de raio x de dupla energia (densitometria óssea).

A OMS define a osteoporose com base nessas pontuações, apresentadas na tabela a seguir.

Classificação

T-Score

Normal

Maior ou igual a -0.1

Osteopenia

Entre -1.0 e -2.5

Osteoporose

Menor ou igual a -2.5

Osteoporose Severa

Menor ou igual a -2.5 com fratura por fragilidade

Em termos clínicos, considera-se existir osteoporose quando a densidade mineral óssea (DMO / BMD) apresenta um valor igual ou inferior a -2,5 desvios padrão, comparativamente aos valores de indivíduos adultos jovens do mesmo sexo.

Para melhorar e facilitar o diagnóstico de risco de fratura, recentemente foi possível conjugar os vários fatores clínicos de risco de fratura osteoporótica numa ferramenta criada pela OMS, o FRAX®, sendo disponibilizada em 2012, a versão aplicável à população portuguesa. Este instrumento permite calcular o risco absoluto de fratura a 10 anos. O FRAX® funciona em duas versões – FRAX clínico, sem incluir resultado de densitometria óssea (DMO) e FRAX com DMO. O FRAX® clínico é mais simples, rápido de aplicar e barato, mas o seu valor clínico não está bem estabelecido.

As fraturas da coluna, muitas vezes, são também referidas como fraturas por compressão vertebral. Quando o osso vertebral fica enfraquecido, pode quebrar facilmente de uma forma que faz com que ele entre em colapso e haja uma diminuição na sua altura. A maneira mais eficaz de prevenir fraturas por compressão vertebral é prevenir e tratar a osteoporose.

Em alguns casos, a dor de uma fratura na coluna vertebral pode ser tão debilitante que o doente tem grande dificuldade em fazer pequenos movimentos.

Como a maioria das fraturas vertebrais é assintomática, deve-se ter em atenção as seguintes características:

  • perda de altura (> 4 cm em relação à idade aos 25 anos ou > 2,5 cm em 1 ano);
  • aumento progressivo no grau da cifose torácica;
  • retificação da lordose lombar.

Avaliação da Aptidão Física

A avaliação da aptidão física deve ter em conta as limitações inerentes ao risco de fratura. Nesse sentido e tendo como principal fator aliado a segurança deve ser tido em conta:

  • A utilização do Cicloergómetro de membros inferiores como alternativa à passadeira em pessoas com osteoporose vertebral severa, que sintam dor durante a marcha ou apresentem risco de queda;
  • Os testes de Força Máxima são contraindicados em pessoas com osteoporose severa;
  • Múltiplas fraturas das vértebras podem reduzir a altura e deformar a coluna, afetando a capacidade ventilatória e alterando o centro de gravidade;
  • Avaliações do equilíbrio ou risco de queda devem ser comtemplados nestes casos. Poderá ser utilizada a ferramenta 4-stage balance test e Falls Efficacy Scale.

Prescrição do Exercício

Um programa de exercício deve ter como objetivos principais o treino de força e potência muscular.

O treino aeróbio deve envolver impacto pois ajuda na construção da massa óssea e na sua manutenção. Em caso de risco ou se já existe historial de fratura, estas atividades devem ser evitadas.

Exemplos: Aeróbica de alto impacto, saltar à corda, subir escadas, corrida.

Os exercícios com o peso do corpo de baixo impacto, são a alternativa mais segura para todos aqueles que não podem realizar atividades de alto impacto.

Exemplos: Elíptica, Cicloergómetro, Stepper, Caminhada em terreno plano. 

Deverá ser feita mobilização dos locais do esqueleto onde as fraturas osteoporóticas ocorram com mais frequência, treino de equilíbrio para a prevenção de quedas, com exercícios que melhorem a força dos quadricípites, posteriores da coxa, glúteo e treino dos extensores do tronco, membros superiores e mobilidade.

Exercícios específicos que requerem torções, flexões/extensões ou compressão da coluna vertebral devem ser evitados.

A ACSM (2018) definiu guidelines úteis para a prescrição do exercício, apresentados na tabela seguinte:

OSTEOPOROSE

ACSM (2018)

Frequência

Intensidade

Duração

Tipo

Aeróbio

4-5 dias da semana

Intensidade moderada (40-59% da FCR). PSE (0-10) manter entre 3-4

Iniciar com 20’ a aumentar gradualmente até ideal de 30’. Máx. recomendado entre 45-60

Caminhar, atividades aeróbios com sustentação do peso corporal

Resistência

Muscular

Começar com 1-2 dias não consecutivos e progredir para 2-3 dias por semana

Ajustar resistência de forma que as 2 ultimas reps. Sejam desafiantes. Alta intensidade é recomendado para quem tolerar

Iniciar com 1 serie de 8-12 reps. Aumentar para 2 series apos duas semanas. Não mais do que 8-10 exercícios por treino

Equipamentos standard podem ser utilizados com uma adequada instrução e com as questões de segurança salvaguardadas.

Flexibilidade

5-7 dias por semana

Alongar até sentir desconforto

10-30’’, 2-4 reps por exercício

Alongamento estático

Considerações finais

Em suma, manter uma vida ativa e a prática regular de exercício físico são muito importantes para a saúde dos ossos em todas as fases da vida.

O exercício físico contribui para a manutenção da massa óssea e reduzir o risco de fratura, melhorar a força muscular e permitir uma melhor postura, melhorar o equilíbrio e diminuir o risco de queda, reduzir as dores crónicas da coluna, prevenir ou diminuir as deformações da coluna.

Antes de iniciar qualquer atividade física, informe o seu médico e obtenha o devido consentimento. Procure apoio de um Técnico de Exercício Físico credenciado. Cuidado se tem Osteoporose avançada nem todos os exercícios são recomendados.

Iniciar de forma leve a moderada com marcha progredindo para exercícios com carga mas de baixo impacto utilizando o peso do corpo, aparelhos e pesos livres respeitando sempre uma avaliação feita previamente por profissionais de saúde e/ou do exercício.

Bons treinos com saúde!

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Nuno Santos

Licenciado em Desporto e Mestre em Gestão.

Bibliografia:

  1. ACSM (2016). ACSM’s Exercise Management for Persons with Chronic Diseases and Disabilities (4rd ed.). Champaign IL: Human Kinetics.
  2. ACSM (2018). ACSM’s Guidelines for Exercise Testing and Prescription (10th edition). Baltimore: Williams & Wilkins.
  3. YAZBECK, M. A.; MARQUES NETO, J. F. Osteoporose e outras doenças osteometabólicas no idoso. Einstein, n. 6 (Supl. 1). 2008.
  4. FRAX: WHO fracture Risk Assessment Toll [online], February 2008; Available from URL: http:// www.sheffield.ac.uk/FRAX. Acedido em outubro de 2012

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